Alunos de escolas são-joanenses lançam livro no terceiro dia de FELIT
Obra “Papagaios me mordam” foi escrita por trinta estudantes de instituições de ensino da cidade
Várias atrações fizeram parte da programação do terceiro dia do Festival de Literatura de São João del-Rei e Tiradentes. No início da tarde de ontem, 06, o público infantil acompanhou, no Museu Regional, o lançamento do livro “A Florzinha Bailarina”, do autor Samuel Soares Cunha.
Mais tarde, o palco do Teatro do Colégio de Nossa Senhora das Dores acolheu o show, inspirado no CD “Catavento”, da escritora e compositora Maria do Rosário feito, especialmente, para crianças das escolas da cidade. Com muita dança, animação e brincadeira, a apresentação trouxe a literatura em versos musicais para as crianças presentes.
Dentre uma música e outra, Maria do Rosário interagia com as crianças, fazendo perguntas, ensinando coreografias, ou até mesmo, trazendo alguém da plateia ao palco.
Natural de Mariana, em Minas Gerais, a artista começou cedo seu ofício na música. Tornou-se compositora, escritora, artista plástica e sambista. Lançou dois CDs de samba, “Samba em minha vida” e “Samba de Maria”, e mais dois destinados ao público infantil, “Poesia em Dó Ré Mi” e “Catavento”.
A compositora, que já conhecia o FELIT, considera o festival como retorno para o seu trabalho, pois “escrever para crianças é muito difícil! Elas são atentas e muito verdadeiras, qualquer coisa que você fizer, questionam. Isso faz com que eu aprenda muito”, afirma.
Papagaios me mordam
O terceiro dia do Festival ainda contou com o lançamento do livro “Papagaios Me Mordam”, feito por nada menos que trinta autores: é a Oficina de Formação de Jovens, que, desde 2008 tem desenvolvido autores adolescentes em São João del-Rei. Alunos e professores do projeto foram recebidos, no fim da tarde, no Colégio Nossa Senhora das Dores para uma cerimônia e assinatura de dedicatórias.
Inspirado em Ruth Rocha, o livro conta as aventuras de um papagaio e apresenta diversas ilustrações, feitas também em conjunto pelos estudantes. Taniely, uma das alunas participantes, conta que foi uma ótima experiência, pois, além de fazer vários amigos, melhorou sua forma de escrever: “Quando temos professores bons e que falam de uma forma jovem, fica mais fácil aprender”.
A oficina tem oito módulos e acontece quinzenalmente aos sábados de manhã. Os alunos, encaminhados pelos professores de suas escolas, permanecem por quatro meses: “A gente desenvolve uma série de atividades literárias, de artes cênicas, artes plásticas, contação de histórias, todas interligadas para, justamente, em quatro meses, esses meninos terem condições de produzirem textos e ilustrações que vão resultar no livro”, conta Lúcio Teixeira Carvalho, um dos realizadores do FELIT.
José Antônio de Oliveira de Resende, professor do curso de Letras da UFSJ e organizador do Festival desde sua segunda edição, ressalta a importância do desenvolvimento de uma sensibilidade literária: “Você não faz literatura se você não perceber os detalhes, não ver o que tem de novo, de perene nos detalhes e sem os relacionar para formar tessitura de um conceito, de uma observação”. O projeto visa desenvolver potencialidades textuais, além de ensinar uma estratégia de se escrever com arte, segundo o professor.
Tiradentes
Fechando a noite, foi a vez de Tiradentes receber Márcio Borges, um dos maiores compositores da Música Popular Brasileira e integrante do consagrado “Clube da Esquina”. Numa conversa em tom informal, com o mediador Kiko Ferreira, o letrista e escritor contou várias histórias do clube, de sua carreira e se emocionou ao falar da perda recente do irmão, Fernando Brand.
O Clube da Esquina nasceu no Edifício Levy onde vivia Milton Nascimento e os irmãos Márcio, Lô e Marilton Borges. Dessa amizade surgiu um dos mais ricos e expoentes movimentos da música brasileira, que foi capaz de pela primeira vez romper com a musical barreira do Rio e chegar ao estado de Minas Gerais. O som produzido pelo clube sofria várias influências, desde o Jazz até a Bossa Nova. E como eram um grupo de amigos que compunham e cantavam, Márcio Borges trouxe uma coleção de histórias que fez a plateia se deliciar com cada uma delas. Foi uma sexta-feira para contar boas histórias de um tempo que ficou marcado em belas canções. Hoje, ocorre o último dia do Festival. Acesse toda a programação pelo link www.felit.com.br/viii-felit/programacao . Veja abaixo o vídeo com a cobertura completa do terceiro dia de evento: