Bruna Vieira movimenta segundo dia do FELIT
Grande público marcou presença na conversa com a escritora
O segundo dia do Festival de Literatura de São João del-Rei e Tiradentes foi marcado pelo bate-papo com a escritora e blogueira Bruna Vieira. Adolescentes de toda a cidade lotaram o Teatro do Colégio Nossa Senhora das Dores, no centro de São João del-Rei, na tarde de ontem, 05. A conversa com a autora durou cerca de três horas, já que o público era grande e ultrapassou o tempo destinado às perguntas. Além disso, depois de sua apresentação, a autora distribuiu vários autógrafos para os participantes da palestra.
Bruna Vieira, que é do interior de Minas Gerais e lançou seu primeiro livro aos dezessete anos, tem, hoje, seis livros lançados, entre romances e crônicas. A autora tem seus leitores como amigos e personagens de suas obras.
“Acho importante ter estes festivais em cidades menores e do interior, pois aproxima o autor que, geralmente, passa a maior parte do tempo em cidades grandes, dos seus leitores. É muito bom ter esse contato e receber esse feedback. Às vezes, ser autor é meio solitário, pois fico meses escrevendo livros e nesses encontros fico realmente sabendo se os leitores gostaram do meu trabalho”.
A vinda da autora para a cidade, ainda movimentou a feira de livros que acontece durante o Festival. Segundo o coordenador da área, Carlos Moreira, cerca de dois mil livros foram postos à venda.
“Sempre procuramos trazer livros dos escritores que participam do FELIT. Mas também atendemos às principais demandas das livrarias”.
“Eles só pensam naquilo”
Fechando a noite, o público presente no Teatro acompanhou a mesa de conversa “Eles só pensam naquilo”, formada pelos escritores Jacques Fux e Reinaldo Moraes, autores das obras Brochadas e Pornopopéia, respectivamente.
Eles conversaram sobre o papel de obras com temas sexuais, tidas como pornográficas, dentro da literatura nacional e internacional e mostraram que, na verdade, o medo do explícito e da oposição entre erotismo e obsceno é apenas mais um tabu a ser quebrado: “Todo tipo de tabu quando é esmagado, coloca sua consciência diante de questionamentos que a vida normal não traz, a literatura é uma droga pesada” afirmou Jacques. “É perceptível o preconceito dentro da academia a textos com esse tema. Se eu tivesse alterado o nome do meu livro, talvez ele tivesse sido muito mais maleável e aceito” acrescentou.
Lembrando de diversos autores que, ao longo da história, trabalharam com esse tema, Jacques também ressalta o papel da mulher dentro do seu livro afirmando que há a preocupação de não reafirmar os preconceitos dentro de um universo predominantemente masculino: “Metade do meu livro é sob o ponto de vista de uma mulher. Justamente porque acho importante ela ter esse espaço e, no final, a mulher sofre muito mais com a brochada do que o homem”. Encerrando o papo, ambos defenderam que o ato da leitura por sí só, seja qual for o estilo literário, é imprescindível e que o ideal é que o FELIT consiga justamente incitar cada vez mais pessoas a isso.
E, hoje, tem mais FELIT. Confira toda a programação acessando www.felit.com.br/viii-felit/programacao . Veja abaixo o vídeo com a cobertura completa do segundo dia de evento:
FOTOS: SABRINA KELLY