Evaldo Balbino, de Resende Costa, concorre a prêmio
No
próximo dia 4, serão revelados os ganhadores do Prêmio Saraiva de Literatura e
Música, criado especialmente para celebrar o centenário da editora. Foram mais
de 4 mil inscrições sujeitas a critérios como originalidade e criatividade,
além de características técnicas específicas de cada área. Entre os finalistas,
está o autor Evaldo Balbino, natural de Resende Costa, concorrendo na categoria
romance com o livro inédito Os fios de
Ícaro. Ele, que é professor na UFMG, nos concedeu uma entrevista exclusiva.
próximo dia 4, serão revelados os ganhadores do Prêmio Saraiva de Literatura e
Música, criado especialmente para celebrar o centenário da editora. Foram mais
de 4 mil inscrições sujeitas a critérios como originalidade e criatividade,
além de características técnicas específicas de cada área. Entre os finalistas,
está o autor Evaldo Balbino, natural de Resende Costa, concorrendo na categoria
romance com o livro inédito Os fios de
Ícaro. Ele, que é professor na UFMG, nos concedeu uma entrevista exclusiva.
VAN – Qual a sensação de ter o seu trabalho reconhecido?
Evaldo – Fico contente que, pouco a pouco, o meu trabalho esteja sendo percebido.
A sensação que tenho, é claro, é de felicidade, pois é bom fazermos algo com
amor, com paixão, e isso dar resultados. E eu escrevo com paixão. Se assim não
fizesse, não produziria literatura. A palavra, quando atravessada pelas nossas
paixões, ganha mais força, mais vida do que ela já tem. Mas penso que o
reconhecimento deve ser construído devagar, sem pressa, assim como se faz uma
construção com alicerces sólidos. Não tenho pretensão de fama, e digo isso com
sinceridade, pois um autor muito lido hoje não tem garantias de que será lido
daqui a alguns anos. Somos mortais, e tudo na vida passa. É lógico que quero
ser lido, mas não para ser famoso, e sim para chegar até os leitores, para me
comunicar com eles. Escrever para mim é uma forma de construir pontes para
chegar aos meus irmãos. Tudo é um desejo de expressão, de autoconhecimento e de
conhecimento. Escrever é um exercício nesse sentido. O importante é que o livro
chegue até o leitor e ambos, livro e leitor, possam ter uma interação. É você
lendo o livro e pensando consigo mesmo:
A sensação que tenho, é claro, é de felicidade, pois é bom fazermos algo com
amor, com paixão, e isso dar resultados. E eu escrevo com paixão. Se assim não
fizesse, não produziria literatura. A palavra, quando atravessada pelas nossas
paixões, ganha mais força, mais vida do que ela já tem. Mas penso que o
reconhecimento deve ser construído devagar, sem pressa, assim como se faz uma
construção com alicerces sólidos. Não tenho pretensão de fama, e digo isso com
sinceridade, pois um autor muito lido hoje não tem garantias de que será lido
daqui a alguns anos. Somos mortais, e tudo na vida passa. É lógico que quero
ser lido, mas não para ser famoso, e sim para chegar até os leitores, para me
comunicar com eles. Escrever para mim é uma forma de construir pontes para
chegar aos meus irmãos. Tudo é um desejo de expressão, de autoconhecimento e de
conhecimento. Escrever é um exercício nesse sentido. O importante é que o livro
chegue até o leitor e ambos, livro e leitor, possam ter uma interação. É você
lendo o livro e pensando consigo mesmo:
– “Meus Deus, tudo isso tem a ver
comigo também!”.
comigo também!”.
A obra tem que ter esse cunho
universal, não é? A obra é maior do que o autor. O autor não interessa tanto,
mas o livro sim, porque o livro diz mais do que o autor quis dizer. Estou
feliz, porque estou no caminho certo para mim: o caminho tortuoso e saboroso
das palavras.
universal, não é? A obra é maior do que o autor. O autor não interessa tanto,
mas o livro sim, porque o livro diz mais do que o autor quis dizer. Estou
feliz, porque estou no caminho certo para mim: o caminho tortuoso e saboroso
das palavras.
VAN – Tem algum outro projeto literário previsto para o futuro?
Evaldo – Como estou sempre escrevendo, tenho sete livros ainda inéditos: quatro de poesias, dois de poesia infantil e um de
crônicas, fora Os fios de Ícaro, pois com ele são oito livros inéditos.
Além desses oito livros, estou terminando um segundo de contos e escrevendo um
segundo romance. Quanto a poemas e crônicas, de modo esparso, vou sempre
garatujando, fazendo e refazendo, num trabalho incessante de escrita e
reescrita. Acho que a vida de todo mundo é isso: um fazer e um refazer ad
infinitum, não é mesmo? Ninguém está livre disso. No caso do escritor,
penso, morreremos com projetos literários ainda pendentes. A vida parece muito
curta para tanto desejo de produzir, de escrever. Nossa mente não para.
crônicas, fora Os fios de Ícaro, pois com ele são oito livros inéditos.
Além desses oito livros, estou terminando um segundo de contos e escrevendo um
segundo romance. Quanto a poemas e crônicas, de modo esparso, vou sempre
garatujando, fazendo e refazendo, num trabalho incessante de escrita e
reescrita. Acho que a vida de todo mundo é isso: um fazer e um refazer ad
infinitum, não é mesmo? Ninguém está livre disso. No caso do escritor,
penso, morreremos com projetos literários ainda pendentes. A vida parece muito
curta para tanto desejo de produzir, de escrever. Nossa mente não para.
VAN – Quais outros prêmios você já ganhou?
Evaldo – Até hoje tenho 19 distinções literárias. No mês de outubro, recebi o Prêmio Humberto de Campos (1º lugar) no Concurso
Internacional de Literatura 2014, da União Brasileira de Escritores do Rio de
Janeiro (UBE-RJ), com o livro de contos Amores Oblíquos.
Internacional de Literatura 2014, da União Brasileira de Escritores do Rio de
Janeiro (UBE-RJ), com o livro de contos Amores Oblíquos.
Para atiçar a curiosidade de seus leitores e
mostrar um pouco do livro que concorre ao Prêmio Saraiva, o autor
disponibilizou a seguinte sinopse do livro Os
fios de Ícaro.
mostrar um pouco do livro que concorre ao Prêmio Saraiva, o autor
disponibilizou a seguinte sinopse do livro Os
fios de Ícaro.
A obra coloca em cena um narrador na
terceira idade que, rememorando seu passado, reescreve-o em forma de memórias.
As memórias do narrador, labirínticas, são atravessadas pela fantasia e pela
realidade brasileira e mundial, abarcando boa parte de sua vida, mas se
centrando no ano de 1978, às vésperas do processo de abertura política da
ditadura brasileira. Ficção dentro da ficção, pois o narrador-escritor cria e
se confunde com uma das personagens, esta obra é permeada pelo mundo da
infância, das paixões, da homoafetividade, da loucura, dos adultérios e dos
amores desencontrados. E tudo isso numa linguagem erótica à flor da pele,
permeada, em alguns momentos, por tons místicos. Trata-se de uma narrativa de
autoanálise, de busca de si mesmo, a qual o narrador faz ao entretecer os fios
da escrita. Fios que querem alçar voo. Mas sempre com a consciência dos limites
do escrever, da impossibilidade do dizer, das restrições impostas a toda e
qualquer representação. Mesmo cônscia dessas impossibilidades, a voz narrativa
arrisca-se no labirinto das palavras e investe nas memórias para denunciar,
construir, inventar e reinventar os passados, próprios e alheios, individuais e
sociais, num país imerso em regime ditatorial.
terceira idade que, rememorando seu passado, reescreve-o em forma de memórias.
As memórias do narrador, labirínticas, são atravessadas pela fantasia e pela
realidade brasileira e mundial, abarcando boa parte de sua vida, mas se
centrando no ano de 1978, às vésperas do processo de abertura política da
ditadura brasileira. Ficção dentro da ficção, pois o narrador-escritor cria e
se confunde com uma das personagens, esta obra é permeada pelo mundo da
infância, das paixões, da homoafetividade, da loucura, dos adultérios e dos
amores desencontrados. E tudo isso numa linguagem erótica à flor da pele,
permeada, em alguns momentos, por tons místicos. Trata-se de uma narrativa de
autoanálise, de busca de si mesmo, a qual o narrador faz ao entretecer os fios
da escrita. Fios que querem alçar voo. Mas sempre com a consciência dos limites
do escrever, da impossibilidade do dizer, das restrições impostas a toda e
qualquer representação. Mesmo cônscia dessas impossibilidades, a voz narrativa
arrisca-se no labirinto das palavras e investe nas memórias para denunciar,
construir, inventar e reinventar os passados, próprios e alheios, individuais e
sociais, num país imerso em regime ditatorial.
Texto: Ana Luiza Fonseca e Rafaela Domingueti
Foto: Associação dos Amigos da Cultura de Resende Costa