Júlia Resende e Sarah Resende

Cena da peça teatral “Okàn”.
Cena da peça teatral “Okàn”. Foto: Reprodução/ Vinicius Cruz (Teatro da Pedra)

Na última segunda, 18, a peça teatral “Desmontagem Ọkàn”, do Teatro da Pedra, foi uma das atrações da 20ª Semana de Educação da Pertença Afro-Brasileira na cidade de Jequié, na Bahia. Promovido pelo Órgão de Educação e Relações Étnicas (ODEERE) da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), o evento reúne atividades sobre educação, relações étnicas e raciais, além dos estudos de gênero, em atenção ao Dia da Consciência Negra celebrado hoje, 20. Esta é mais uma exibição fora da região de atuação habitual do Teatro da Pedra que, com a peça, já percorreu 24 cidades mineiras, festivais em São Paulo e na cidade de Havana, em Cuba. 

O espetáculo aborda temas como a ancestralidade e pertencimento e conta a história por trás da peça infanto-juvenil “Okàn”, se aprofundando ainda mais nas raízes da escravização brasileira. Okàn, que em iorubá significa coração, narra os momentos em que uma menina afrodescendente percebe a proximidade da morte de sua avó e embarca em uma viagem para descobrir suas origens. Em “Desmontagem Okàn”, a pergunta que norteia a construção do roteiro é: “Como a dolorosa experiência da escravização brasileira atravessa a vida dos atores do Teatro da Pedra e se transforma em arte?”.

Para Elis Ferreira, que interpreta a protagonista da peça, a conexão entre a obra e o público, especialmente o infantil, é uma das grandes marcas de “Ọkàn”. “Ao final da apresentação, muitas crianças se emocionam profundamente, pois conseguem se identificar com as personagens, com as vestimentas, com a religiosidade, e com a forte relação entre avós e netas”, destaca a atriz. 

Já Gustavo Rosário, que também faz parte do elenco, enfatiza a alegria em poder levar essa história para Jequié através de vídeo publicado no perfil do Instagram do Teatro. “A gente tá muito feliz e honrado com esse convite, de participar dessa semana tão importante, discutindo sobre ancestralidade e africanidade”, relata Gustavo. 

A produção ainda será exibida em Tiradentes, Minas Gerais, no próximo dia 28, como encerramento da programação do “Mês da Consciência Negra de Tiradentes 2024”. Neste dia, a apresentação será voltada às Escolas Municipais de César de Pina, Águas Santas e Apae Tiradentes e ocorrerá no Palco do Centro do Mundo, na sede do Teatro da Pedra. 

Destaque do espetáculo no mês de novembro mostra a relevância do Dia da Consciência Negra

Instituído pela Lei Federal 14.759/2023, hoje, 20 de novembro de 2024, marca o primeiro ano em que o Dia da Consciência Negra é feriado nacional. A data já era celebrada há 13 anos, mas era reconhecida como feriado em apenas alguns estados brasileiros. O dia rememora a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil no período colonial, assassinado em 1695. 

Em São João del-Rei e região, eventos com palestras, mesas-redondas e exibições de obras temáticas enfatizaram a necessidade de discussão da pauta negra, relembrando a importância do respeito e das ações públicas em combate ao racismo.