“Aquilombar é uma ressignificação do que é ser negro e ao senso de pertencimento e comunidade”

Por Ana Luiza Fagundes e Kessia Carolaine

Oficinas Do Centro Cultural Quilombo Urbano:
Segunda, de 17h a 19h – Oficina de Bordado, com José Cabral
Terça e Quinta, de 09h a 11h – Aulas de Reforço, com Dell Ribeiro
Quarta, de 19h a 20h – Capoeira, com Lucas Fandangos
Sábados quinzenais (primeiro e terceiro sábado do mês) – Nossas Danças, Nossos
Lugares de Fala, com Ana Carolina Aragão
Domingo, de 13h a 16h – Espaço Aberto Para Convívio Social (MNSJDR)

Danielle Ferreira Rodrigues, uma das coordenadoras das oficinas pedagógicas, concedeu entrevista à VAN enquanto a oficina ocorria do lado de fora da sede do Movimento de São João Del-Rei, com crianças de diferentes idades e classes sociais. Danielle é formada em direito, porém optou por atuar exclusivamente na área artística. Hoje, ela é dançarina, professora de dança e produtora cultural. Ela faz isso pelo e para o movimento negro, além de contribuir com pretos e pretas produtores e ser oficineira.

O seu encontro com o ativismo se deu desde pequena. Ela declara que as influências de seus pais, que são professores, a incentivaram bastante. Ela fala que sempre viu seu pai promovendo projetos sociais e várias organizações pedagógicas na cidade em que moravam. Isso a incentivou também. Ela declara que sua mãe ajudava várias pessoas na igreja. Antes do movimento negro, ela conta que passou por vários coletivos, mas que sentia falta de pertencer a algum lugar, sentia falta de poder ser quem ela é e era. Danielle diz que acredita que nossas ações impactam o mundo. Ela queria fazer a diferença, mesmo que as ações parecessem pequenas.

O centro comunitário São Dimas estava em desuso, mas já aconteceram nele diversas oficinas e atividades pontuais. Foi ali que Danielle conheceu o espaço, através de uma vivência que se chamou “Nove de Março das Deusas”, que foi promovido pelo coletivo “Dandara”, o mesmo que aquilombou Danielle em São João. Tempos depois, ela voltou para esse centro e foi quando o Delcimar, um dos atuais coordenadores e membro do Movimento Negro de SJDR, falou para ela que aconteciam algumas oficinas de break e capoeira. Ele mencionou que sentia o desejo de fazer as oficinas ocorrerem com mais continuidade.

De início, Delcimar Ribeiro organizou o espaço e deu o nome de “Projeto Quadra Cultural” quando ocorria a capoeira e a oficina de break. Danielle conheceu Beatriz Nascimento e foi quando teve contato com o termo quilombo urbano. Esse termo se refere a bailes Black, rodas de capoeira e rodas de samba. Com isso em mente, ela propôs algumas atividades para que, toda quarta-feira, tivesse o quilombo urbano, que era mais como um momento de lazer. Eles fizeram isso com a intenção de alcançar mais lugares, já que a maioria das coisas aconteciam no centro da cidade.

Eles começaram a perceber que as pessoas estavam gostando e se comprometendo com as oficinas com uma certa frequência. Foi quando eles decidiram transformar o local em um Centro Cultural e optaram por escolher um nome também. De início, estavam indecisos com três nomes: “Projeto Quadra Cultural”, “Quilombo Urbano” e “Sementes de Marielle”. Depois de algumas reuniões no local, eles decidiram que “Quilombo Urbano” seria a melhor opção, remetendo à ideia de pertencimento. O objetivo principal é que as atividades aconteçam com frequência. Ela diz também que o espaço é importante para os universitários, para que eles se sintam acolhidos e pertencentes a um lugar.

O Quilombo Urbano surge neste ano de 2023, junto com a reinauguração do espaço. As oficinas não são focadas em um público específico, mas há o público direto e indireto. O público direto seria a Comunidade São Dimas. As atividades são voltadas para todas as idades. A capoeira, por exemplo, é para crianças e adolescentes. O bordado já é para um público mais adulto. Aulas de dança que são voltadas mais para mulheres. Já o público indireto, seria a comunidade são-joanense e os universitários.


Sobre estar no movimento negro, ela declara que o encontro foi mútuo e que naquele momento, ela não estava atuando em nenhuma causa social. Foi em 2019 que a mesma se juntou à causa. O Movimento Negro de São João Del-Rei foi fundado no fim de 2017 e início de 2018 dando voz a comunidade negra são-joanense. A intenção do movimento negro é construir pontes, mas isso nem sempre acontece já que alguns indivíduos não querem sair de sua zona de conforto, e falar sobre racismo tira as pessoas desse lugar.


Caso deseje ajudar a crescer cada vez mais as oficinas e os projetos que dão retorno à comunidade são-joanense, logo abaixo está o pix e o Instagram do movimento:

@movimento.negro.sjdr