Cadê a água do Águas Gerais?
Por Anna Lara Resende, Bianca Andrade e Gabriella Blenda
Em pleno ano de 2023, na cidade de São João del-Rei, os moradores do bairro Águas Gerais ainda lutam pelo acesso pleno à água tratada. Empresas como DAMAE e COPASA atendem diversas localidades do município, porém não alcançam a totalidade de um território com pouco mais de 90 mil habitantes.
Seria isso negligência? Conflito político? Interesse privado? Como bem sabemos, a resposta pode ser positiva para todos esses motivos e mais. Mas, o fato é que uma geração inteira já foi criada sob condições precárias na região.
Márcio, presidente da Associação de Bairro do Águas Gerais, relata que não há água tratada da DAMAE. Além disso, conta que o sistema de captação da água diretamente da mina, não consegue abastecer o bairro inteiro devido ao crescimento populacional.
Inclusive, a mina citada tem uma pequena área e foi construída por um cidadão preocupado com a comunidade. Ele fez a barragem e levou essa água – sem tratamento – encanada para as casas de lá.
Luthero, secretário da Associação, conta um pouco sobre a situação que enfrentam: “Os moradores estão cansados, já não acreditam mais nos políticos e nem na Associação, com tantas promessas e projetos que já se passaram e nada foi resolvido, eles desanimaram.”
Mais adiante, reflete sobre a desigualdade que atinge a distribuição de recursos em São João del-Rei: “Podemos perceber a diferença e a discriminação entre nós e o centro, bairros principais, onde tudo é arrumado e resolvido, e nós ficamos aqui esquecidos e sem providência”.
Evidentemente, o que mais se destaca é a questão da água. No entanto, o bairro também tem problemas estruturais relacionados a pavimentação, acesso ao transporte público, acesso pleno a luz e energia, acesso à cultura e derivados.
Nesse sentido, aqueles que garantem alguns desses direitos são moradores que se dispõem a criar projetos sociais e maneiras de contornar o poder público para acessar a água que ali existe.
O secretário aponta um projeto cultural que deu início, mas devido a contratempos teve de suspender. Apesar disso, deve reiniciar para levar o esporte às crianças do Águas Gerais: “irei construir um galpão no meu terreno, e nele terá atividades como artesanato, Taekwondo e Judô, para todas crianças e pessoas que quiserem participar”.
Porém, paralelo a essas iniciativas, sempre houve a briga pelos direitos por meio da organização da comunidade, na Associação ou fora dela. Diversos vereadores e candidatos já fizeram promessas que nunca se cumpriram totalmente. Assim como a prefeitura continua negligente, a empresa de água e esgoto também, segundo os moradores.
Além de ser um direito da população, é obrigação da gestão pública o abastecimento e saneamento do bairro de forma eficaz. A Lei 11.445 que recentemente foi trocada pela Lei 14.026/2020, garante os serviços públicos de saneamento básico e abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos; e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas (art. 3º, I).
Na sexta-feira (14/04/2023), traremos mais informações sobre essa problemática que aflige a comunidade do Águas Gerais há tanto tempo. Confira ainda, o podcast do dia 10/04/2023 sobre esse assunto na VAN.