11ª edição

Vida da Gente é uma coluna quinzenal de divulgação dos zines¹ produzidos por mulheres em situação de privação de liberdade da Unidade Feminina da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC) de São João del-Rei.

A vida me ensinou a lutar pelo que é meu, de Vitória, outubro de 2022.

Transcrição de A vida me ensinou a lutar pelo que é meu, de Vitória


“Na caminhada da minha vida cresci, aprendi, sofri e perdi tudo aquilo que a vida me ensinou a conquistar. Mas descobri que aquilo que eu queria não era pra mim, pois até a música fala: Bem na minha vida de viver aquilo tudo que sonhei, bem na hora que eu estava prestes a chegar na linha de chegada para conquistar. Perguntei para Deus “por que o Senhor não quer me ouvir? Pensei até em desistir”.
Foi onde eu achei que estava tudo acabado e pensei em desistir. Naquele momento Deus falou comigo “você não vai parar se você chegou até aqui você tem que continuar, você vai conquistar tudo o que é seu, não vai ser isso que vai te desanimar”.
Então, comigo naquele momento, eu pensei “é verdade, se a minha força de vontade fosse maior eu não pensaria em desistir, pois se Deus me permitiu sonhar, ele vai fazer acontecer”.
Confesso que em alguns momentos de nossas vidas achamos que Deus não está conosco, chegamos até a falar que Deus não nos ouve. Aí que nos enganamos a nós mesmos.
Deus nunca disse que a jornada seria fácil, mas Ele disse que a chegada valeria a pena.
O que passei não foi fácil, doeu, sofri, pensei em desistir e jogar tudo pro alto, mas os meus desafios, obstáculos, me fizeram enxergar que eu sou capaz e mais forte do que eu pensava. As minhas dificuldades me fizeram vencedora.
Hoje eu digo que valeu a pena ter passado tudo que eu passei, tudo que tenho hoje foi a vida que me fez lutar e ganhei o que era meu.
O que tenho hoje não é um dom, e sim uma conquista.
Hoje entendo que por muitas vezes corri atrás de coisas que não eram pra mim, mas conquistei algo muito melhor do que eu esperava. Na real, Deus sempre tem o melhor para nós!
Lute com determinação, abrace a vida com paixão, perca com classe e vença com ousadia…”

Mediadas por Taisa Maria Laviani², as oficinas de zines realizadas na APAC Feminina de SJDR tem como objetivo abrir espaço para o diálogo, a reflexão, o fazer manual, a criatividade e a autoralidade, a partir da prática artística e comunicativa, bem como promover a circulação dessas narrativas e criações através da coluna Vida da Gente.

Erguer a voz a partir de seu lugar no mundo é um ato de poder existir, se reconhecer e ser reconhecido. E o que as mulheres em situação de privação de liberdade tem a nos dizer? A nos mostrar? Fique de olho!

Notas

¹ O Fanzine, ou simplesmente zine, é uma publicação independente. Um zine é um veículo de comunicação (assim como o jornal, livro, revista, gibi, etc.) que pode assumir qualquer formato, abordar qualquer tema e ser publicado por qualquer pessoa, com os mais baixos recursos. Por isso, segue à risca o lema “faça você mesmo!”.

² Taisa Maria Laviani é formada em Ciências Sociais, pela Universidade Estadual Paulista, zineira e mestranda do Programa Interdepartamental de Pós-graduação Interdisciplinar em Artes Urbanidades e Sustentabilidade, da UFSJ.