A intolerância que perpassa
Escrito por: Arthur do Vale, Ana Luiza Vieira, Júlia Morais, Júlia P. Braga, Louise Zin, Maria Paula Morais Millena Calazans, Nathália Ferreira, Rafael Alemão, Susane Costa.
Revisado por: Samantha Souza
O Brasil é um país declarado como um Estado Laico, isso significa que não existe uma religião oficial para o país, dessa forma, praticar qualquer religião dentro do contexto brasileiro é, em tese, permitido. Porém, existem religiões que são mais bem vistas por um “olho que tudo vê” do que outras. E são essas religiões menos bem vistas que mais sofrem com intolerância religiosa.
Seria um ato de extrema ingenuidade considerar que as religiões mais atacadas são, por coincidência, as de origem africana. Mas também para os que negam a existência do racismo no Brasil, existem dados do Ministério dos Direitos Humanos que comprovam que 25% dos agressores são identificados como brancos, assim como 25% das denúncias são de religiões de matrizes africanas.
A religião passa segurança, traz afirmações e conforto, ensina a questionar e a viver com liberdades de escolha. Porém, ser livre para ter seus ideais e praticar a religião que quiser é algo visto como tão grave que precisou ser registrado como 1. direito humano, 2. lei prevista na constituição federal de 1988 e 3. na constituição federal de 1997. Nesse sentido, a lei de racismo e liberdade de expressão são grandes aliadas nessa luta constante.
O documentário “Intolerância”, de Belisario Franca e Bárbara Kahane traz a visão de fiéis de diferentes crenças sobre a sombra que a intolerância joga em diversas religiões. Para a Mãe de Santo Doné Conceição D’Lissa, a intolerância religiosa é um crime cruel e continuado: – “A intolerância religiosa é um crime que eu associo muito ao crime de estupro porque é um crime continuado já que você não se livra daquilo quando cessa. Aquilo permanece, vira uma marca, vira uma cicatriz que não seca”.
Já Maria Hermelina, presidente das Ganhadeiras de Itapuã afirma que: – “Todos têm a sua fé e nós também temos que acreditar que a fé dos outros serve para nós também. Deus não escolhe religião, ele ama os filhos do jeito que são”. Ainda, de acordo com ela, o respeito é um dos caminhos para encontrarmos harmonia.
A harmonia dita é complexa de ser creditada. Somos de um país colonizado. Indígenas não tiveram a oportunidade de procurarem por harmonia, africanos escravizados, para praticarem sua religião em aberto, tiveram que modificar certos aspectos para que parecesse mais com a do colonizador. A harmonia citada é sempre levada a uma acomodação para não deixarmos a honra do colonizador ser manchada. Para que os hábitos do colonizador fiquem intactos.
A independência do Brasil comemora este ano 200 anos. Porém, ainda nos vemos presos aos hábitos do colonizador e negando os direitos mais básicos e simples dos nossos povos originários. Lenilda Campos, evangélica, diz que: – “o fato das pessoas não conhecerem a sua própria história, as suas origens, transformam elas em intolerantes”.